29/06/2023
Por Karine Wenzel
O envolvimento da Cobasi com a contratação de pessoas refugiadas começou em 2022. A equipe de Recursos Humanos pesquisou sobre o tema e encontrou a plataforma Empresas com Refugiados. Enviaram uma oportunidade de emprego pelo site em maio e contrataram a primeira pessoa refugiada em julho. Atualmente, 23 colaboradores refugiados fazem parte do quadro de funcionários da rede, sendo 13 homens, principalmente de nacionalidade angolana. A empresa, que é uma das maiores varejistas no segmento pet do Brasil, tem uma meta: contratar, pelo menos, uma pessoa refugiada em cada uma das suas mais de 200 lojas.
A Gerente de RH da Cobasi, Roberta Ramos, explica que essa iniciativa de contratação de pessoas refugiadas foi muito bem aceita por todos os níveis e departamentos da empresa, inclusive pela Direção. Além disso, a companhia estabeleceu em 2021 um Comitê de Diversidade e Inclusão. Para ela, esses fatores ajudaram na receptividade a esses novos profissionais: “É muito gratificante, pois recebemos relatos de pessoas que realmente se sentem acolhidas aqui. Elas, em geral, apresentam alto nível de escolaridade e isso é muito rico para as equipes de lojas, já que trazem um repertório diferente. Entendemos que somos líderes de mercado e temos a responsabilidade de formar uma sociedade mais justa, inclusiva e igualitária”, pondera.
Para encontrar perfis nas diferentes cidades, a Cobasi conta com o apoio de parceiros, principalmente organizações da sociedade civil que apoiam a população refugiada e que estão listadas na plataforma Empresas com Refugiados. No Sul do país, contam com o apoio do SJMR Brasil – Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados. Já na cidade de São Paulo, que concentra a maioria das vagas, o Instituto Adus tem intermediado as contratações. A organização também realizou três sensibilizações na companhia, englobando inclusive os 400 gerentes das lojas da Cobasi.
“No começo, enfrentamos um desafio na questão cultural. Então os gerentes explicavam como é a relação com o trabalho no Brasil, por exemplo. O principal ponto para contornar isso foram essas sensibilizações. Também fizemos publicações nas redes sociais falando do nosso engajamento ao Fórum Empresas com Refugiados e ainda divulgamos histórias e cases de sucesso de profissionais refugiados em nossa rede social interna. E hoje percebemos, pelos comentários dos gerentes, que esses colaboradores têm uma força de vontade diferente e isso acaba tendo um impacto muito positivo”, avalia Vitor Tassi, Analista Especialista de Seleção da Cobasi.
Mauricio Nascimento é o gerente da loja Eldorado, onde atualmente trabalha uma pessoa refugiada. Ele afirma que todos da equipe se empenharam para auxiliar na adaptação. “Durante o processo de adaptação surgem dúvidas, porém a força de vontade dos funcionários refugiados é surreal. Eles acabam agregando conhecimento para a loja, os clientes ficam felizes em saber que são pessoas refugiadas e gostam bastante de serem atendidos por eles. Normalmente, eles falam francês e inglês e nos auxiliam no atendimento a clientes de outros países”, comenta.
Preocupação com o bem-estar e inclusão
O angolano Kanda Ambrosio é um dos profissionais refugiados contratados pela Cobasi. Licenciado em Jornalismo, ele resolveu reconstruir a vida no Brasil, onde desembarcou em 2021. Em dezembro do ano passado, recebeu a notícia que tanto aguardava: foi contratado pela Cobasi. Esse era seu primeiro emprego formal no país. Porém, após uma semana de trabalho na loja em São Paulo, foi chamado pelo gerente, que queria entender por que Kanda não parecia feliz no emprego. Assim, souberam que sua esposa e o filho de dois anos ainda estavam em Angola. A equipe da loja organizou uma espécie de vaquinha online e conseguiu arrecadar a quantia para reunir a família novamente. Hoje, a esposa de Kanda, Winni, também trabalha na Cobasi. “Gosto muito daqui, o brasileiro é um povo muito alegre e aqui é um país de paz”, afirma Kanda.
Já o haitiano José Beautes, que vive há quase cinco anos no Brasil, foi contratado no início de 2023 para atuar como operador de loja da Cobasi Jabaquara em São Paulo. Ele conta que, apesar de nunca ter trabalhado no segmento pet, está aprendendo rápido e gosta do emprego. “Meu plano é seguir trabalhando e aprendendo. Somos profissionais e crescer é o que precisamos”, destaca.
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